Laser de baixa potência previne mucosite oral grave em pacientes submetidos à transplante de medula óssea: ensaio clínico randomizado

Abstract

Introdução: estima-se, em 2020, cerca de 15 milhões de novos casos de câncer no mundo. Dentre eles, há o câncer hematológico, que acomete o sangue e tecidos produtores de células sanguíneas. O transplante de medula ósssea significou um avanço terapêutico para este tipo de neoplasia. No entanto, as quimioterapias utilizadas, geralmente, resultam em efeitos colaterais graves, como a mucosite oral. O laser de baixa potência demonstrou ser útil para o tratamento da mucosite oral porém, no que se refere ao seu uso para prevenção, os resultados são contraditórios. Objetivo: avaliar a efetividade do laser de baixa potência na prevenção da mucosite oral em pacientes submetidos ao transplante de medula óssea. Método: foi realizado um ensaio clínico de superioridade, randomizado, paralelo, encoberto com 36 pacientes divididos em dois grupos: laser (17 pacientes) e sham (18 pacientes), termo utilizado para tratamento simulado não medicamentoso. A variável primária foi mucosite oral (grau II pela classificação da Organização Mundial de Saúde); já as secundárias foram mucosite oral grave (Grau III e IV) e presença de dor, avaliada pela Escala Visual Analógica (EVA). Foi utilizado laser de InGaAlP com comprimento de onda central de 650nm, potência de 100 mW e densidade de energia de 70 J/cm2, aplicadas, preventivamente, do primeiro dia do condicionamento até o D+5, e o grupo sham recebeu tratamento simulado com laser durante o mesmo período. Os dados foram analisados usando o STATA versão 13.1 e SPSS versão 20. O viii teste exato de Fisher foi utilizado para comparar os grupos em relação a variáveis categóricas e a análise de sobrevida foi realizada pelo método de Kaplan-Meier. Para avaliar a dor utilizando a EVA, foi adotada a análise de variância para medidas repetidas (ANOVA). Foram também calculados o risco no grupo exposto (Rt), risco no grupo não exposto (Rc), risco relativo (RR), eficácia / redução relativa de risco (RRR), redução do risco absoluto (RRA) e o número necessário para tratar para beneficiar uma pessoa (NNTB). A análise foi realizada com a intenção de tratar, e foi aceito um nível de significância de 5%. Resultados: não foi encontrada evidência de diferença significativa em relação à incidência de mucosite oral (p = 0,146). Mucosite grave foi observada em 40% dos pacientes (14/35 pacientes), sendo apenas 3 (17,65%) no grupo laser contra 11 (61,11%) no grupo sham (p=0,015). A probabilidade de sobrevivência acumulada para mucosite grave foi superior a 0,6 para o grupo laser, enquanto que para o grupo sham chegou a zero (p=0,0397). Em relação à intensidade da dor, no dia considerado de pior dor, os pacientes do grupo sham classificaram mais frequentemente sua dor como grave quando comparado com o grupo laser (p=0,041). Conclusão: o laser de baixa potência mostrou-se efetivo na prevenção de mucosite oral grave e da dor oral intensa em pacientes submetidos ao transplante de medula óssea