Sidteleasma: elaboração de um sistema de informação e decisão aplicado a telemedicina para tratamento e acompanhamento de asma grave

Abstract

Introdução: A asma é uma doença pulmonar que afeta mais de 300 milhões de pessoas no mundo, sendo a doença crônica mais comum em crianças e tem prevalência crescente nas últimas décadas. O seu controle depende de fatores como aderência ao tratamento e técnica adequada, que quando não otimizados, provocam um maior número de exacerbações da doença, mais chances de hospitalização e diminuição da qualidade de vida. Dentre o total de casos, a asma grave constitui o grupo responsável por mais gastos e maior morbidade, motivos pelos quais foi selecionada para o projeto. Impulsionada pela pandemia do COVID-19, a prática da telemedicina foi regulamentada para uso no Brasil em 2020 e incentivou meios de teleatendimento no acompanhamento da asma. Dados da literatura mostram os benefícios do uso da telemedicina no tratamento da asma, e o presente trabalho utilizou o um sistema bayesiano de apoio à decisão aplicado à telemedicina para acompanhamento de pacientes portadores de asma grave. Objetivo: Elaborar e verificar a usabilidade de uma plataforma de telemedicina para acompanhamento de pacientes pediátricos com asma grave. Métodos: estudo exploratório de desenvolvimento metodológico de uma plataforma que foi submetida à avaliação de utilidade. Em uma primeira etapa, foi criada a plataforma denominada SidTeleAsma (Sistema de Informação e Decisão Aplicado à Telemedicina para Tratamento da Asma), em parceria com a equipe de pesquisadores do Centro de Desenvolvimento de Sistemas de Informação e Decisão (CDSID) da Universidade de Federal de Pernambuco (UFPE) responsável pelo projeto “Estudo de um sistema de informação e decisão aplicado à telemedicina para tratamento de doenças crônicas pulmonares”. Na plataforma foi incluída uma modelagem matemática baseada na Teoria da Decisão Bayesiana para apoio à tomada de decisão. O público-alvo foi composto por pacientes pediátricos portadores de asma grave do Ambulatório Especializado em Pneumologia Pediátrica do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP). A terceira etapa consistiu em uma avaliação dos casos para verificar os resultados obtidos nesta modelagem matemática, todas atreladas ao índice de robustez calculado em percentagens. São ao total quatro variáveis de conduta sugerida pelo software: medicação em casa, medicação em hospital local, internação em hospital local e internação em hospital de Recife. A partir das condutas e índice de robustez obtidas após a sugestão do algoritmo de acordo com cada caso, o médico assistente podia entrar em concordância ou não com a conduta proposta, entretanto sem intervir clinicamente por se tratar de um estudo observacional. Foram avaliadas também a adesão ao tratamento, a técnica inalatória e o controle da doença, em comparação com dados da literatura. Resultados: foi elaborada a SidTeleAsma

e na avaliação foram envolvidos 11 pacientes com idade entre 8 e 22 anos, sendo a faixa etária de 10 a 14 anos a predominante (54,5%). Foi observada uma melhora da adesão (92,5% das consultas), da técnica inalatória (92,5% das consultas) e do controle (27,5% das consultas) quando comparadas a pacientes que fazem apenas atendimentos presenciais. Os pacientes, em 97,5% (39) das consultas, tiveram uma tendência forte a cumprir as orientações médicas. Em 87,5% (35) das consultas apresentaram na conduta um índice de robustez de 62%, enquanto 10% (quatro) das consultas apresentaram um nível de robustez de 51% e em 2,5% (uma consulta) nível de robustez foi de 93%. Em 90% (36) das consultas a pesquisadora que coletou os dados concordou com as recomendações sugeridas pelo sistema. Conclusão: Este é o primeiro trabalho na literatura nacional a avaliar os efeitos da telemedicina em uma plataforma específica baseada em modelo de apoio à decisão no impacto do tratamento da asma grave em pacientes pediátricos. A telemedicina foi uma ferramenta valiosa e customizável para tratamento da asma em crianças. É necessário considerar que mesmo com tais benefícios, existe a necessidade da adoção de padrões mais aprimorados de avaliação do impacto do tratamento e controle da doença na qualidade de vida dos pacientes.