Avaliação da coloproctopatia actínica crônica em pacientes com câncer de colo do útero tratadas com radioterapia pélvica em um hospital de referência em oncologia na cidade do Recife: um estudo de corte transversal

Abstract

Introdução: o câncer do colo do útero (CCU) é o quarto tipo de câncer mais comum e a quarta causa mais frequente de morte por câncer em mulheres no mundo. O tratamento preconizado na neoplasia localmente avançada é a combinação de quimioterapia e radioterapia pélvica. Este tratamento está associado a toxicidades agudas e crônicas, em especial a coloproctopatia actiníca (CPA). Objetivo: avaliar a frequência e o manejo da CPA em pacientes tratadas com radioterapia pélvica para CCU em um hospital de referência em oncologia na cidade do Recife. Método: estudo de corte transversal com análise de prontuários de pacientes tratadas com radioterapia para CCU nos anos de 2015 a 2017, no Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP). A amostragem foi sequencial e por conveniência. O período da coleta foi de agosto/2022 a fevereiro/2023. Foram avaliadas variáveis sociodemográficas, relacionadas a hábitos de vida, ao câncer, ao tratamento e variáveis clínicas. Os dados foram coletados e inseridos em planilha Excel® e analisados em programa Stata v.12.1. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IMIP. Resultados: a mediana de idade das pacientes foi de 48 anos (IIQ: 38-61). Houve predomínio, com mais de 70%, dos estádios IIB e IIIB. Das 226 analisadas, 87 (38,5%) apresentaram sintomas de CPA representado pelo sangramento retal e destas, 59 realizaram colonoscopia, que confirmou a CPA em 58 (98,3%) delas. Assim, das 226 mulheres analisadas, 58 (25,7%) confirmaram o diagnóstico de CPA. Foi observado associação estatisticamente significativa entre sangramento retal e realização da braquiterapia (p<0,001), dose de radioterapia acumulada (p<0,001) e com a presença de Hipertensão Arterial Sistêmica (p=0,036). Em relação ao tratamento, 38 (65,5%) pacientes realizaram ablação com plasma de argônio (APA) e, destas, 22 (57,9%) delas não apresentaram sangramento macroscópico após o tratamento. Conclusão: a frequência de CPA em pacientes com diagnóstico de CCU tratadas com radioterapia no serviço de referência em oncologia foi elevada. O tratamento com APA contribuiu para o controle de sangramento em parte dessas pacientes.

Introduction: Cervical cancer (CC) is the fourth most common type of cancer and the fourth most frequent cause of cancer death in women worldwide. The recommended treatment for locally advanced neoplasia is a combination of chemotherapy and pelvic radiotherapy. This treatment is associated with acute and chronic toxicities, especially actinic proctopathy (AP). Objective: To evaluate the frequency and management of AP in patients treated with pelvic radiotherapy for CC in a reference hospital in oncology in the city of Recife. Method: A cross-sectional study analyzing the medical records of patients treated with radiotherapy for CC from 2015 to 2017, at Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP). Sampling was sequential and for convenience. The collection period was from August/2022 to February/2023. Sociodemographic variables related to lifestyle, cancer, treatment, and clinical variables were evaluated. Data were collected and entered an Excel® spreadsheet and analyzed using the Stata v.12.1 program. The project was approved by the Research Ethics Committee of IMIP. Results: The median age of patients was 48 years (IQR: 38-61). There was a predominance, with more than 70%, of stages IIB and IIIB. Of the 226 analyzed, 87 (38.5%) had symptoms of AP represented by rectal bleeding and of these, 59 underwent colonoscopy, which confirmed AP in 58 (98.3%) of them. Thus, of the 226 women analyzed, 58 (25.7%) confirmed the diagnosis of AP. A statistically significant association was observed between rectal bleeding and brachytherapy (p<0.001), accumulated radiotherapy dose (p<0.001) and with the presence of Systemic Arterial Hypertension (p=0.036). Regarding treatment, 38 (65.5%) underwent APC (argon plasma coagulation) and, of these, 22 (57.9%) did not present macroscopic bleeding after treatment. Conclusion: the frequency of AP in patients diagnosed with CC treated with radiotherapy in the oncology reference service was high. APC treatment contributed to bleeding control in some of these patients.