Qualidade de vida, ansiedade, depressão e desesperança nos casais em tratamento de fertilidade: um estudo transversal

Abstract

Introdução:a infertilidade é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a falta de concepção após, pelo menos, 12 meses de relações sexuais sem proteção. Em geral o diagnóstico de infertilidade é associado a um sofrimento mental, além dos tratamentos que tendem a ser longos e exaustivos, consequentemente podendo acarretarsintomas de ansiedade e de depressão. Observa-se também redução na qualidade de vida dos casais, daí a importância de investigar como o tratamento da infertilidade estarassociado à diminuição da qualidade de vida. Objetivos: avaliar qualidade de vida, ansiedade e depressão dos casais em acompanhamento no serviço de Reprodução Humana do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP), Recife, Pernambuco, Brasil. Métodos: foi realizado um estudo descritivo, tipo corte transversal, sendo a coleta de dados realizada de setembro de 2014 ao mês de julho de 2015. A população do estudo foi composta por todos os casais que estavam em avaliação e em tratamento para fertilização no serviço citado. Os instrumentos utilizados foram a escala hospitalar de ansiedade e depressão (HAD), o questionário de qualidade de vida para casais inférteis (FertiQoL), o inventário Beck de desesperança (BHS) e o questionário biosociodemográfico.O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), vide número do CAAE: 25848013.8.0000.5569, e todos os participantes assinaram o TCLE. Resultados:participaram deste estudo 272 pessoas, sendo 57,4% mulheres e 42,6% homens, idade média dos participantes de 36,7 anos.Estavam trabalhando 82,7% dos participantes e 80,5% possuem alguma religião.Sintomas de ansiedade foram encontrados em 20,9% dos participantes, sintomas de depressão em 12,2% e desesperança com 18,4%. Mulheres apresentaram menor escore de qualidade de vida em relação aos homens nas subescalasEmotional (p<0,001), Mind/Body (p=0,001), Social (p<0,05), Tolerability (p<0,05) e Escore Total FertiQoL (p<0,001).Homens e mulheres apresentaram escore menor nas subescalasEmotional (p<0,05), Mind/Body (p<0,05), Social (p<0,05) e Tolerability (p<0,05) quando relacionados com a presença de sintomas de ansiedade. Os resultados mostraram que os baixos índices nas subescalasEmotional (p=0,001) e Mind/Body (p=0,001) foram relacionadas com sintomas de depressão, enquanto nos homens a relação com depressão resumiu-se à subescalaMind/Body (p<0,05). Finalmente, nas mulheres foram encontrados baixos índices nas subescalasEmotional (p<0,05) e Mind/Body (p<0,001) relacionados com desesperança, enquanto nos homens as subescalasMind/Body (p<0,05) e Tolerability (p<0,05) foram as mais significativamente comprometidas.Conclusões:o impacto gerado pela infertilidade é prejudicial nos aspectos biopsicossociais, podendo gerar sintomas de depressão e ansiedade, além de desesperança. Entende-se que a experiência do casal cada vez mais torna-se relevante dentro do contexto da infertilidade devido maior risco de prejuízo para a qualidade de vida durante o tratamento de infertilidade possibilitando impacto importante para saúde física e mental do casal. É de fundamental importância a investigação dessa população específica, sendo plausível oferecer o suporte terapêutico quando necessário, ajudando a prevenir uma evolução desfavorável.