Perfil clínico e epidemiológico de pacientes obstétricas com edema agudo de pulmão internadas na uti obstétrica de uma maternidade de alto risco

Abstract

Introdução: o edema agudo de pulmão (EAP) representa um evento incomum no ciclo gravídico-puerperal, porém constitui uma importante causa de internamento em unidade de terapia intensiva (UTI). O diagnóstico consiste na presença de desconforto respiratório agudo e sinais clínicos de congestão pulmonar e o tratamento deve ser iniciado precocemente para diminuir a morbidade e a mortalidade materna e fetal. O EAP pode ser dividido em cardiogênico (aumento da pressão hidrostática intravascular) e não cardiogênico (aumento da permeabilidade vascular). Na gravidez, as causas mais comuns de edema pulmonar estão associadas a pré-eclâmpsia, descompensação de doença cardíaca, sobrecarga de volume e tocólise. Objetivo: descrever o perfil clínico e epidemiológico de pacientes com EAP internadas na UTI Obstétrica do IMIP. Métodos: realizou-se um estudo do tipo série de casos no período de agosto de 2012 a março de 2015, incluindo 50 pacientes admitidas com diagnóstico clínico de EAP na gravidez ou até 45 dias pós-parto. A análise estatística foi realizada utilizando-se o programa de domínio público Epi info 7.1 e foram usadas tabelas de distribuição de frequência, medidas de tendência central e dispersão. Resultados: a média de idade foi 27,2 anos; 60,0% das pacientes eram procedentes de Recife e região metropolitana, 50,0% tinham entre oito e 11 anos de escolaridade e 54,0% eram primigestas. O EAP ocorreu anteparto em 58,0%, no pós-parto em 38,0% e intraparto em 4,0%; episódio anterior de EAP foi relatado em 8% e 6,0% recidivaram no mesmo internamento. A cesárea foi a via de nascimento predominante (78,0%). Em relação a etiologia do EAP a hipertensão foi a causa mais comum, observada em 66,0% dos casos, seguida de cardiopatia e doença hipertensiva associada a cardiopatia, ambas com 16,0%, e 2% apresentaram EAP por sobrecarga hídrica isolada. Independente da etiologia, nas 24 horas que precederam o EAP, em 34,0% foi observado sobrecarga hídrica. Os critérios de near miss estiveram presentes em 60,0% das pacientes e as disfunções respiratórias foram as mais frequentes. O ecocardiograma transtorácico, para elucidação da etiologia, foi realizado em 92,0% das pacientes. Mortalidade materna foi verificada em 4,0% dos casos. A prematuridade foi verificada em 73,3% (abaixo de 37 semanas), sendo 39,0%, antes de 34 semanas; distúrbio respiratório foi a morbidade mais frequente, correspondendo a 51,0%. Admissão em UTI neonatal ocorreu em 25,5% e mortalidade neonatal, 7,8%. Conclusão: EAP ocorreu com maior frequência no período anteparto e a etiologia mais comum foi hipertensiva. É uma doença grave, associada a altas taxas de morbidade e mortalidade materna e fetal. A sobrecarga hídrica parece ter importância no desencadeamento do EAP e o uso do ecocardiograma em pacientes com EAP ajuda a elucidar o diagnóstico da etiologia.