Fatores associados ao óbito em pacientes com sepse internadas na uti obstétrica de uma maternidade de alto risco: estudo de coorte

Abstract

Introdução: a sepse é uma importante causa de morbimortalidade materna, apresentando prevalência crescente tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. Conhecimentos acerca da etiologia, evolução clínica e fatores prognósticos para óbito nessas pacientes ainda precisam ser melhor elucidados. Objetivo: determinar os fatores associados ao óbito em pacientes com sepse internadas na Unidade de Terapia Intensiva Obstétrica (UTI) do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP). Métodos: foi realizado um estudo de coorte retrospectivo na UTI obstétrica do IMIP, incluindo gestantes e puérperas com diagnóstico de sepse admitidas na UTI obstétrica no período de abril de 2012 a abril de 2016. A análise estatística foi realizada através do programa Epi Info 3.5.1. Foram construídas tabelas de distribuição de frequência, com os respectivos intervalos de confiança, para as variáveis categóricas, calculando-se ainda médias e seus respectivos desvios-padrão para as variáveis quantitativas. Foram preparadas tabelas de contingência para determinação da associação entre variáveis independentes (fatores preditivos) e o óbito, calculando-se o Risco Relativo (RR) e seu Intervalo de Confiança a 95% (IC 95%) como medida do risco relativo. O nível de significância de 5% foi adotado. O presente estudo atende à resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IMIP, sob o CAAE 49815615.9.0000.5201. Não há conflito de interesses. Resultados: cento e cinquenta e cinco pacientes tiveram o diagnóstico de sepse e 14,2% (n=22) foram a óbito. A média de idade foi de 24,1 anos (DP= 6,77). Em 65,8% a admissão ocorreu antes do parto. No momento da internação 25,2% ainda não apresentavam sepse e 14,2% já foram admitidas com choque séptico. O foco foi não obstétrico em 58,4% dos casos. O lactato médio na admissão foi de 3,02 (DP= 2,98). A reposição volêmica foi adequada em 79,7% das vezes e houve atraso no início do antibiótico em mais de uma hora em 49% das pacientes. Durante a internação 34,4% das pacientes evoluíram para choque séptico. O tempo médio de internação em UTI foi de 9,2 dias. Choque séptico na admissão (RR= 3,45; IC 95%= 1,64-7,25) ou na internação (RR= 17,32; IC 95%= 4,20-71,36), lactato > 2mmol/ml (RR= 4,60; IC 95%= 1,05-20,07) e SOFA > 2 na admissão (RR= 5,97; IC 95%= 1,82-19,94) foram associados ao óbito. Após regressão logística múltipla, o uso de drogas vasoativas durante a internação permaneceu como fator de risco associado ao óbito (OR= 26,38; IC 95%= 5,87- 118,51). Conclusão: a sepse ocorreu com maior frequência no período anterior ao parto, sendo as causas não obstétricas mais comuns. Foi encontrada alta taxa de mortalidade. O principal fator associado ao óbito foi uso de drogas vasoativas durante o internamento.