Perfil clínico-epidemiológico de pacientes internadas em uma unidade de terapia intensiva obstétrica do nordeste do Brasil

Abstract

Introdução: a taxa de admissões de pacientes no período grávido-puerperal em UTI tem-se mostrado como um importante indicador de morbidade materna. Estima-se que 0,1 a 0,9% das gestantes desenvolvem complicações que requerem internamento na UTI. Cerca de 70 % das admissões de pacientes obstétricas em UTI tem relação direta com causas decorrentes da gravidez, sendo as principais indicações de internação para estas pacientes: síndromes hipertensivas da gestação, hemorragias obstétricas e infecções, insuficiência respiratória e sepse; porém o prognóstico dessas pacientes usualmente é bom, geralmente necessitando de mínima intervenção, com baixas taxas de mortalidade. Objetivo: determinar o perfil clínico-epidemiológico das pacientes admitidas na Unidade de Terapia Intensiva Obstétrica do Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), em Campina Grande, Paraíba. Métodos: realizou-se estudo retrospectivo e prospectivo, descritivo, observacional e transversal, no Instituto de Saúde Elpídio Almeida, incluindo pacientes internadas na UTI Obstétrica com complicações decorrentes do ciclo gravido puerperal. Foram revisados todos os prontuários admitidos em 2017, bem como foi realizada a avaliação de todas as pacientes admitidas de abril a setembro de 2018. Foram analisadas variáveis sociodemográficas; biológicas; obstétricas; diagnósticos e comorbidades na admissão; características clínicas; critérios de near miss e desfechos (alta, óbito ou transferência). A análise dos dados foi realizada no programa estatístico Epi Info 7, utilizando-se medidas de tendência central e de dispersão para variáveis numéricas e distribuição de frequência para variáveis categóricas. Resultados: foram incluídas na pesquisa 107 mulheres. A média de idade encontrada foi de 27,3 anos, sendo a maioria procedente de outras cidades. 97,2% realizaram pré-natal, com mediana de seis consultas, iniciado em mediana de 22 semanas de gestação. Com relação ao número de gestações, obtivemos mediana de duas gestações e em relação ao número de partos, a mediana foi de um. 46,7% das pacientes foram submetidas a cesariana. Os principais diagnósticos de admissão na UTI foram: pré-eclâmpsia (39,3%); síndrome HELLP (14%); eclâmpsia (9,3%); doenças infecciosas (7,5%); hemorragias pós-parto (6,5%) e epilepsia (5,6%). A frequência de near miss foi de 14%, com critérios clínicos presentes em 10,3%, laboratoriais em 1,9% e manejo em 2,8% nas mulheres. O near miss surgiu na gestação (10,3%) e puerpério (2,8%). A maioria teve alta (92,5%), houve 4,7% de transferências e 2,8% de óbito. Conclusão: a maioria das pacientes avaliadas no estudo foi admitida na UTI devido a complicações decorrentes de síndromes hipertensivas, verificando-se maior frequência de critérios de near miss durante o período gestacional. O desfecho observado para a maioria das pacientes foi favorável, com mortalidade comparável à descrita na literatura para pacientes de UTI obstétrica.