Tolerância ao exercício e qualidade de vida em crianças na idade escolar com displasia broncopulmonar

Abstract

INTRODUÇÃO: A displasia broncopulmonar (DBP) é uma doença comum em recém–nascidos prematuros. Os avanços na assistência perinatal aumentam a sobrevida destes neonatos. Esta doença em longo prazo pode desenvolver consequências que vão interferir na tolerância ao exercício e função pulmonar destes indivíduos. Poucos estudos correlacionam desempenho funcional com a DBP, assim como há escassez de informações sobre o impacto da doença na qualidade de vida. OBJETIVO: Avaliar a tolerância ao exercício e qualidade de vida emcrianças na idade escolar com displasia broncopulmonar. MÉTODOS: Estudo transversal, descritivo-analítico, realizado em 25 crianças de seis a nove anos com displasia broncopulmonar. Avaliadas no ambulatório de fisioterapia respiratória do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira no período de maio de 2015 a fevereiro de 2016. Após o consentimento da criança e dos seus responsáveis, avaliou a tolerância ao exercício através do teste de caminhada de seis minutos (TC6);a função do sistema respiratório através da espirometria e manovacuometria; e a qualidade de vida através do Pediatric Quality of Life InventoryTM(PedsQLTM 4.0). Para as comparações com os seus valores de referência, foi utilizado o testet-Student pareado e o testeWilcoxonpara dados pareados. Para ascomparações das diferenças entre as distâncias percorridas e a observada no teste de caminhada, com variáveis clínicas, foi utilizado o teste t-Studentindependente e o teste Mann-Whitney. Correlações entre estas diferenças e outras variáveis quantitativas foram feitas pelo coeficiente de Spearman. O nível de significância estatística adotado foi 0,05 para todos os testes.RESULTADOS: Participaram do estudo 25 escolares, dos quais 8 (32%) eram do sexo masculino com idade média de 7,6 anos. A média da distância percorrida observada foi de 482,48 m enquanto que a distância predita foi 552,29 m, observando-se diferença significativa (p<0,001). Na função Pulmonar,VEF1 (p<0,001) e CVF (p<0,001)também foram significativamente inferiores aos valores preditos. As forças musculares inspiratórias e expiratórias não demonstraram alteração com relação aos valores preditos normais para a mesma faixa etária.A diferença entre as distâncias predita e observada mostrou correlação negativa com a força muscular inspiratória e expiratória (r =-0,626,p= 0,001; r = -0,637, p= 0,001, respectivamente), indicando que quanto menor a distância percorrida menor a força muscular respiratória. A qualidade de vida foi cerca de 94,42 % no aspecto geral, 93,82 % no aspecto físico e 94,13 % no psicossocial. CONCLUSÃO: Nas crianças broncodisplásicas em idade escolar avaliadasobservou-se força muscular respiratória preservada, porém função pulmonar e tolerância aoexercício reduzidas, não interferindo na qualidade de vida.