Síndrome de burnout em cuidadores informais de pacientes oncológicos fora de possibilidades terapêuticas curativas em Recife, Brasil

Abstract

Resumo: pacientes oncológicos ambulatoriais em cuidados paliativos geralmente necessitam de um cuidador domiciliar, que devido às inúmeras responsabilidades assumidas e sobrecarga de trabalho, tornam-se vulneráveis ao Burnout. Objetivos: avaliar a frequência e os fatores associados à Síndrome de Burnout em cuidadores informais de pacientes fora de possibilidades terapêuticas curativas; descrever as características sócio-demográficas; validar o Inventário em Burnout de Maslach adaptado aos cuidadores informais; determinar os níveis das subescalas desta síndrome e identificar os aspectos de vida prejudicados pelo cuidar.Materiais e Métodos: estudo transversal analítico, realizado no serviço de oncologia de adulto do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira - IMIP, Recife, Pernambuco, cuja coleta de dados foi de agosto a outubro de 2011 com uma amostra de 132 cuidadores. Utilizou-se instrumento para caracterização sociodemográfica e aspectos da vida considerados prejudicados pelo cuidador; Palliative Performance Scale (PPS) para avaliar o estado funcional e físico do paciente e Inventário em Burnout de Maslach (MBI) para identificar a frequência da síndrome. A confiabilidade e validação do MBI foram realizadas através da avaliação do coeficiente α de Cronbach. Na identificação dos fatores associados ao Burnout foram utilizadas como medidas de associação as razões de prevalências, estimadas mediante modelos de regressão de Poisson. Após análise bivariada, foram consideradas as variáveis que apresentaram valor p < 0,20 para realização da análise multivariada, sendo considerados fatores associados à síndrome as variáveis que na análise multivariada apresentaram valor p < 0,05.Resultados: A frequência da Síndrome de Burnout foi encontrada em 38,6% dos sujeitos, tendo como fator associado o desempenho funcional e físico do paciente. As médias encontradas das subescalas exaustão emocional, realização pessoal e despersonalização foram respectivamente, 22,8, 39,0 e 6,9 pontos. A maioria dos cuidadores informais eram mulheres (70,5%), com média de idade de 43,6 anos, possuíam relacionamento estável (58,3%). Com relação à escolaridade, 68,9% referiram mais de 9 anos de estudos. Quanto ao grau de parentesco, os dados mais relevantes apontam para as relações por consanguinidades de primeiro grau (45,4%). Aproximadamente 70% dos cuidadores desempenhavam esta atividade por tempo não superior a 2 anos. Dentre os aspectos considerados prejudicados pelo cuidar, o lazer foi o mais citado. Conclusão: A frequência da Síndrome de Burnout foi encontrada em mais de um terço da população estudada, tendo como fator associado o desempenho funcional e físico do paciente, ressaltando que as médias das subescalas apresentaram-se no nível médio dos pontos de corte para identificação da síndrome, o que pode sugerir a vulnerabilidade dos sujeitos ao Burnout, mesmo aqueles onde a síndrome não foi caracterizada.