O paciente e a vivência da visita médica

Abstract

Introdução: A visita médica é uma prática solidificada e que compõe a rotina de um hospital-escola. Tem por objetivo a apresentação de casos e discussões das condutas médicas à beira do leito. Torna-se importante compreender e refletir a percepção dos pacientes sobre as práticas médicas, para melhorar e orientar a educação médica, a relação médico-paciente e humanizar as práticas em saúde. Objetivo: Analisar os significados atribuídos à vivência das visitas médicas realizadas à beira do leito, na enfermaria de clínica médica, enfatizando a comunicação e relação médico-paciente Percurso metodológico: Utilizou-se o método qualitativo, por meio da técnica de entrevistas semiestruturadas. O número de participantes foi composto por 11 entrevistados (seis mulheres e cinco homens) hospitalizados nas enfermarias de Clínica Médica ≥18 anos. O estudo seguiu as orientações da resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), preservando os preceitos éticos. Os dados foram coletados por entrevistas individuais semiestruturadas, gravadas e transcritas na íntegra. A técnica de tratamento dos dados foi a análise de conteúdo, sendo as interpretações/discussões dos resultados fundamentadas nas áreas da psicologia da saúde, com enfoque biopsicossocial. Resultados e discussão: Foram identificadas três categorias, revelando que a visita médica é percebida pelos entrevistados como algo bom/bonito, que ajuda na aprendizagem dos estudantes de medicina e transmite segurança. Alguns consideraram a visita como algo negativo e desconhecido. Os entrevistados também referiram diferentes sentimentos suscitados na visita, sendo esses ligados à vivência do internamento e relação estabelecida com o médico. Vários relatos revelaram que a forma como os médicos se relacionam com o paciente nessa atividade transmite para eles que a visita é um espaço dos médicos, do qual eles não devem participar, sendo a comunicação centrada na equipe de médicos e estudantes. O que pode desfavorecer à construção do vínculo médico-paciente e contribuir para sentimento de passividade dos pacientes. Conclusão: Embora a maioria dos pacientes tenha avaliado a visita médica como algo bom, a pesquisa apontou a necessidade da entrada do paciente no campo de comunicação centrado nos médicos-estudantes durante a visita médica, visando autonomia, participação ativa e singularidade do paciente.