Efeito de curto prazo da posição canguru sobre a atividade eletromiográfica e parâmetros microcirculatórios de recém-nascidos pré-termo

Abstract

Introdução: O Método Canguru (MC) é uma modalidade de atenção à saúde do recém-nascido pré-termo (RNPT) com importantes benefícios clínicos. Sua característica principal é a Posição Canguru. Muitos efeitos promovidos pelo MC, especialmente em curto prazo, tem sido atribuídos ao contato pele-a-pele promovido pela Posição Canguru. Objetivo: Avaliar o efeito de curto prazo da Posição Canguru sobre a atividade eletromiográfica e parâmetros microcirculatórios de RNPT. Métodos: Foi realizado um ensaio clínico (registrado no ClinicalTrials.gov- NCT02849665) no Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP), Brasil, no período de janeiro a julho de 2017, com 44 RNPT randomizados em dois grupos: Grupo Canguru (n=21) formado por RNPT submetidos à Posição Canguru e Grupo Controle (n=23) formados por RNPT não submetidos à Posição Canguru. No Grupo Canguru, a atividade eletromiográfica e os parâmetros microcirculatórios (fluxo sanguíneo, saturação tecidual de oxigênio e temperatura) foram avaliados em três momentos: antes da submissão à Posição Canguru pela primeira vez desde o nascimento (T0), após uma hora de Posição Canguru (T1) e, por último, após duas horas (T2) de Posição. No grupo controle também foram realizadas três avaliações em momentos correspondentes, entretanto o RNPT não era submetido à Posição entre os intervalos de avaliação. O sinal eletromiográfico foi transformado em Root Mean Square (RMS) (microvolts) e normalizado (%). Para comparar a média das variáveis entre as três avaliações de um mesmo grupo, foi realizada a Análise de Variância para Medidas Repetidas (ANOVA) para dados paramétricos ou o teste Kruskal Wallis para dados não paramétricos. Quando significante, foram feitas comparações múltiplas post hoc pelos testes de Tukey e Dunn. O erro alfa para rejeição da hipótese nula foi de p<0,05. Resultados: Para o Grupo Canguru, os valores do RMS do bíceps braquial foram diferentes entre os três momentos de avaliação (p<0,001): aumentando entre a primeira (T0) e a segunda (T1) avaliação (p<0,05) e entre a segunda (T1) e a terceira (T2) (p<0,05). Nos isquiostibiais, os valores do RMS também foram diferentes entre os momentos avaliados (p=0,004): aumentando da primeira (T0) para a terceira (T2) avaliação (p<0,05). No Grupo Controle, não foram encontradas diferenças estatísticas entre os valores do RMS nos momentos de avaliação, tanto para o bíceps braquial como para os isquiotibiais. Os valores do fluxo sanguíneo foram diferentes entre os momentos avaliados no Grupo Canguru (p=0,004): aumentando entre a primeira (T0) e a segunda (T1) avaliação (p<0,05), não sendo encontrada diferença estatística entre os momentos avaliados no Grupo Controle. Conclusão: A Posição Canguru induziu a um aumento do RMS no bíceps braquial e nos isquiotibiais, bem como um aumento do fluxo sanguíneo de RNPT.