Efeitos da ventilação com pressão de suporte com dois níveis de pressão positiva expiratória final em um modelo experimental de síndrome do desconforto respiratório agudo leve

Abstract

Introdução: Ventilação mecânica assistida tem sido sugerida para minimizar o desenvolvimento de lesão pulmonar induzida por ventilação mecânica (VILI) na Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA). No entanto, a respiração espontânea pode exacerbar a lesão pulmonar, aumentar a assincronia paciente- ventilador e o esforço respiratório. Nós hipotetizamos que o nível de pressão positiva expiratória final (PEEP) deve ser cuidadosamente ajustado durante ventilação mecânica assistida para reduzir VILI. Objetivo: Comparar os efeitos biológicos e mecânicos da respiração espontânea na modalidade pressão de suporte ventilatório com pressão controlada com dois diferentes níveis de PEEP sobre os pulmões em um modelo experimental de SDRA leve. Métodos: Design, configuração e participantes: Trinta e cinco ratos Wistar (peso 310 ± 19g) receberam lipopolissacarídeo de Escherichia coli intratraquealmente para indução de SDRA leve. Após 24 horas, os animais foram anestesiados e alocados aleatoriamente para ventilação controlada por pressão (PCV) (n = 14) ou ventilação com suporte de pressão (PSV), (n = 14). Cada grupo foi adicionalmente atribuído a níveis baixos de PEEP (2 cmH2O, P2) ou moderados (5 cmH2O, P5). O volume corrente foi mantido constante (VT = 6 mL / kg). Adicionalmente, 7 animais não ventilados (NV) foram utilizados para análise post- mortem. Principais medidas de desfecho: Mecânica pulmonar, gases sanguíneos arteriais, escore dano alveolar difuso (DAD) e marcadores biológicos associados à inflamação [interleucina (IL)-6 e quimiocina quimioatraente para neutrófilos induzido por citocinas 1 (CINC-1)] e lesão de células epiteliais de tipo II pela proteína purfactante B SP-B). Resultados: A oxigenação melhorou em todos os grupos independentemente da estratégia ventilatória. PCV e PSV, P5 comparado com P2, mantiveram a integridade epitelial, medida pela expressão de E-caderina. No PSV, P5 comparado com P2, a pontuação de DAD reduzida [mediana (intervalo interquartil) 11 (8,5-13,5) vs. 23 (19-26), p <0,05)] e as expressões de IL-6 e CINC-1 (p = 0,02 para ambos), enquanto aumentava a expressão de mRNA de SP-B (p = 0,03), o que sugeria proteção de danos de células epiteliais de tipo II. O PSV apresentou pico mais baixo e pressões transpulmonares médias em relação ao PCV (p = 0,04 e p = 0,0002, respectivamente) em P5. Conclusões: Em animais experimentais com SDRA leve, apenas a modalidade PSV ajustada com PEEP=5 cmH2O melhorou as respostas biológicas e mecânicas sobre os pulmões, com redução dos danos pulmonares e dos marcadores inflamatórios, mantendo a integridade das células epiteliais.