Correlação entre imc pré-gestacional e adiposidade visceral materna com a biometria fetal no segundo trimestre da gestação.

Abstract

Introdução: A existência de fatores que, agindo durante períodos críticos da vida intrauterina ou pós-natal imediata, determinam a saúde em longo prazo, tornou-se cada vez mais reconhecida. A composição corporal materna antes e durante a gravidez pode influenciar a massa de gordura corporal do concepto desde a vida fetal até a idade adulta. A distribuição de gordura é muito importante quando se analisam os resultados associados com a obesidade, sendo que a adiposidade central é mais associada a complicações relacionadas com a obesidade do que a adiposidade periférica. O efeito do índice de massa corpóreo (IMC) materno no crescimento fetal ainda não está bem estabelecido, e não há dados sobre o efeito da adiposidade visceral materna no crescimento fetal em gestantes obesas, não-obesas, diabéticas e não-diabéticas. Objetivo: Determinar a correlação do IMC pré-gestacional e da adiposidade visceral materna com as variáveis ultrassonográficas relacionadas à biometria fetal no segundo trimestre da gestação e comparar tais correlações entre gestantes previamente obesas e não-obesas, com diabetes gestacional e não-diabéticas. Métodos: Este estudo de análise secundária de uma coorte prospectiva incluiu 740 gestantes que receberam atendimento pré-natal no Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP), entre outubro de 2011 e setembro de 2013. O IMC pré-gestacional foi determinado utilizando o peso pré-gestacional informado e altura medida na primeira consulta do pré-natal. A adiposidade visceral materna foi medida por ultrassonografia, ao mesmo tempo em que a biometria fetal. Foram avaliadas as correlações entre a adiposidade visceral materna e entre o IMC pré-gestacional com as variáveis biométricas ultrassonográficas através do coeficiente de correlação de Pearson. Entre os grupos, os coeficientes de correlação obtidos foram comparados através do teste Z de Fisher. Este teste também foi utilizado para testar as hipóteses de nulidade dos coeficientes de correlação entre pares de variáveis. Para testar as hipóteses de nulidade dos coeficientes de correlção ajustados foi utilizado o teste t de Student. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa antes do seu início. Resultados: O IMC pré-gestacional não mostrou correlação com os parâmetros biométricos fetais. A adiposidade visceral materna foi positivamente correlacionada com a circunferência abdominal fetal (r= 0,529, P <0,001), com o peso fetal estimado (r=0,524, P <0,001), com a circunferência craniana (r=0,521, P <0,001), com o comprimento do fêmur (r 0,521, P <0,001) e com o diâmetro biparietal (r=0,524, P <0,001). A análise manteve-se estatisticamente significativa após o controle para a idade gestacional. Entre os grupos, a adiposidade visceral materna também foi positivamente correlacionada com as medidas da biometria fetal, sem diferença significativa entre eles. Conclusões: O IMC pré-gestacional não mostrou correlação, ao passo que a adiposidade visceral materna foi positivamente correlacionada com a biometria fetal no segundo trimestre da gravidez, mesmo após o ajuste para a idade gestacional. A adiposidade visceral materna também foi positivamente correlacionada com a biometria fetal no segundo trimestre da gravidez nos grupos de gestantes previamente obesas, não-obesas, com diabetes gestacional e não-diabéticas. Os coeficientes de correlação foram estatisticamente similares entre os grupos.