Avaliação de doença vascular do enxerto pós-transplante cardíaco por meio da tonometria arterial periférica: um estudo exploratório

Abstract

Introdução: A doença vascular do enxerto (DVE) é a principal causa de rejeição crônica em pacientes transplantados cardíacos e desempenha um papel significativo na morbimortalidade geral da população pós-transplantada. Apesar dos muitos exames disponíveis atualmente capazes de detectar o desenvolvimento subclínico de DVE, eles geralmente detêm limitações clínicas importantes e não apresentam sensibilidade diagnóstica precoce. Portanto, a investigação de tecnologias alternativas é essencial para o melhor reconhecimento e prevenção dessa condição. Objetivo: Avaliar a capacidade de detecção da tonometria arterial periférica a respeito do grau de anormalidade endotelial e DVE em pacientes transplantados cardíacos. Métodos: Estudo exploratório sobre a utilização da tonometria arterial periférica (PAT) como avaliação da saúde endotelial de pacientes pós-transplantados. Os pacientes foram inscritos no terceiro maior centro terciário de transplante cardíaco do Brasil, o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), e posteriormente avaliados com EndoPAT2000 entre agosto de 2019 e fevereiro de 2020, quando a pandemia de COVID-19 concluiu prematuramente o estudo. Os pacientes elegíveis tinham ao menos 2 anos pós-transplante e eram monitorados regularmente no hospital supracitado. Os laudos hemodinâmicos dos pacientes foram coletados para uma comparação mais precisa com os resultados endoteliais. Medicamentos, doenças preexistentes e informações clínicas foram adquiridos de prontuários médicos. Resultados: Amostra de 22 pacientes (idade média 50,9, sendo 90,9% homens) submetidos ao exame EndoPAT2000. Destes, 14 tinham registro de cateterismo prévio (3 apresentavam DVE confirmado, 2 fístulas coronárias, e 9 sem anormalidades) e 9 não tinham os laudos. Não foi encontrada relação estatisticamente significativa entre a população cateterizada (1,89 ± 0,56; 0,60 ± 0,28; 0,72 ± 10,78; 8,54 ± 12,69) ou não cateterizada (2,25 ± 0,41; 0,80 ± 0,19; 8,13 ± 12,21; 16,49 ± 13,87) e RHI, lnRHI, AI e AI @ 75 respectivamente (valor-p: 0,518; 0,504; 0,595; 0,111). Similarmente, subpopulações de cateterismo, incluindo DVE, fístulas coronárias e pacientes sem alterações hemodinâmicas, não foram relacionadas com os marcadores endoteliais (valor-p: 0,518; 0,504; 0,595; 0,111). Conclusão: Os achados deste estudo sugerem que a detecção da função endotelial por meio da tecnologia PAT pode não ser adequada no cenário de pós-transplante cardíaco tardio.