Perfil social e epidemiológico, nível de qualidade de vida, ansiedade e depressão dos pacientes com alopecia frontal fibrosante

Abstract

Introdução: Descrita inicialmente por Kossard em 1994, a alopecia frontal fibrosante (AFF) é um tipo de alopecia cicatricial linfocítica, caracterizada pela recessão progressiva da linha de implantação frontotemporal do cabelo, geralmente associada com a perda da sobrancelha. As recentes publicações sobre o tema indicam provável aumento da incidência dessa patologia. No entanto, sua patogênese ainda é incerta. Por gerar perda de cabelo, a AFF pode alterar a autoimagem do indivíduo e, consequentemente, gerar um impacto negativo na qualidade de vida, podendo ser um fator precipitante para um quadro de ansiedade e/ou de depressão. Objetivos: Avaliar o perfil socioepidemiológico, nível de qualidade de vida, ansiedade e depressão de pacientes com AFF atendidos em ambulatório de referência em Recife-PE. Métodos: Realizou-se um estudo transversal com amostra por conveniência. Os pacientes passaram por uma avaliação clínica, em seguida, foram aplicados os questionários: Dermatology Life Quality Index (DLQI) para avaliar a qualidade de vida e a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (EHAD) para rastreio de sintomas de ansiedade e depressão. O DLQI é um instrumento destinado para avaliar a interferência das doenças dermatológicas na qualidade de vida do indivíduo, composto por 10 questões, que avaliam os domínios físicos, psicológico e de relação pessoal, gerando um score de 0 a 30. Sua pontuação foi categorizada em 2 grupos: 0-5 sem impacto na qualidade de vida, ≥6 com impacto na qualidade de vida. A EHAD consiste em 14 perguntas, sendo sete de ansiedade e sete de depressão, com score de 0-21 para cada entidade, valores maiores ou igual a oito são indicativos de presença de sintomas de ansiedade e/ou depressão. A análise dos dados foi realizada pelo software Stata 12.0. Foram utilizados os testes Qui-Quadrado e Exato de Fisher para verificar a associação entre o impacto negativo da qualidade de vida, de depressão e de ansiedade com variáveis clínicas. Para fins estatísticos foi considerado valor p < 0,05. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IMIP (CAAE 85659517.9.0000.5201). Resultados: Foi obtida uma amostra de 32 pacientes, com a média de idade de 57,5 anos, sendo 29 mulheres e 3 homens. Segundo a classificação de AFF, a maioria era do tipo II e apresentavam perda de pelo em outra parte do corpo, além do couro cabeludo e sobrancelhas. As pápulas faciais foram os achados clínicos mais comuns. O impacto negativo da qualidade de vida foi observado em 40,6% dos pacientes, os sintomas de ansiedade em 53% e de depressão em 28%. Os sintomas de ansiedade apresentaram-se associados ao impacto negativo da qualidade de vida (p=0,026), assim como o tipo de AFF com os sintomas de depressão (p=0,005). Conclusões: AFF parece ter impacto negativo na saúde mental dos pacientes, podendo alterar a qualidade de vida e participar do aumento dos casos de ansiedade e depressão. Assim, uma avaliação não só clínica, mas também psicológica, com uma equipe multiprofissional, deve ser recomendada.