Perfil clínico, antropométrico e metabólico de gestantes com pré-eclâmpsia admitidas em uma enfermaria de alto risco do nordeste do Brasil

Abstract

Introdução: As síndromes hipertensivas na gestação são um importante problema de saúde pública no mundo e estão entre as principais causas de morbidade e mortalidade materna. Estima-se que seis a 8% das mulheres grávidas apresentam níveis pressóricos acima do normal durante a gestação. Dentre os fatores que aumentam o risco de pré-eclâmpsia, destaca-se a obesidade na gravidez. Na prática clínica atual, observa-se o IMC como o método mais utilizado para avaliar a presença de obesidade, entretanto o IMC não leva em conta os componentes individuais da composição corporal, portanto as pregas cutâneas têm sido usadas para estimar o percentual de gordura corporal total, uma vez que elas medem indiretamente a espessura do tecido adiposo subcutâneo, o qual tem relação direta com a gordura corporal total. Objetivo: descrever o perfil clínico, antropométrico e metabólico de gestantes com pré-eclâmpsia (PE) admitidas na enfermaria de alto risco de uma maternidade da região Nordeste do Brasil. Métodos: realizou-se um estudo observacional, transversal e descritivo na enfermaria de alto risco do Instituto de Saúde Elpídio de Almeida – ISEA, Campina Grande – Paraíba. Foram avaliadas as pacientes com diagnóstico de pré-eclâmpsia com critérios de gravidade admitidas no período de junho a dezembro de 2018. Foram excluídas as pacientes com diagnóstico de admissão de eclâmpsia, diagnóstico de admissão de descolamento prematuro de placenta normalmente inserida (DPPNI) e aquelas com diagnóstico ultrassonográfico de feto morto na admissão, bem como pacientes com prontuário apresentando dados inconsistentes ou incompletos. Foram analisadas variáveis sociodemográficas, obstétricas, clínicas, antropométricas e metabólicas; ocorrência de near miss e tempo de hospitalização. A análise estatística foi realizada utilizando o programa estatístico de domínio público Epi-Info versão 7.2. (Atlanta, GA). Os dados categóricos foram apresentados através de frequências absolutas e relativas; os dados numéricos, através das medidas de tendência central (média ou mediana) e de dispersão (desvio padrão ou intervalo interquartil). Resultados: foram incluídas na pesquisa 70 mulheres, sendo 72,9% portadoras de pré-eclâmpsia e 27,1% de pré-eclâmpsia superposta. As principais alterações relacionadas ao aumento do risco de complicações maternas encontradas foram sobrepeso/obesidade (78,5%), hiperglicemia (75,7%) e hipertrigliceridemia (52,7%). A frequência de síndrome metabólica foi de 22,9% e o ganho de peso médio durante a gravidez de 9,8Kg. Das gestantes 68,3% apresentaram risco de doenças associadas à obesidade, conforme o percentual de gordura. Conclusão: a maioria das pacientes admitidas na enfermaria de alto risco com diagnóstico de PE apresentava alterações relacionadas a síndrome metabólica, principalmente sobrepeso, hiperglicemia e dislipidemia.