Análise de implantação do registro hospitalar de câncer em Pernambuco

Abstract

Introdução: O câncer vem crescendo em número e importância no perfil epidemiológico mundial e nacional, e esse quadro evidenciou a necessidade do aprimoramento da vigilância em saúde para o câncer. No Brasil, existem referências literárias da vigilância do câncer desde 1937, mas só em 1983 se instituiu o Registro Hospitalar de Câncer (RHC), que constitui em uma fonte de coleta de informações que reúne dados dos pacientes com diagnóstico de câncer. Para garantir que os objetivos do RHC sejam alcançados, é necessário que o registro esteja implantado com boa cobertura e com dados consistentes e oportunos e, para verificar essa implantação do RHC, um excelente campo é a avaliação em saúde. Objetivo: Avaliar a implantação do RHC no estado de Pernambuco por meio da estimativa do grau de implantação (GI) das unidades em funcionamento e da influência exercida pelos elementos contextuais (políticos e estruturais) neste grau em duas unidades do estado, a de maior e menor GI. Métodos: Constitui-se em uma pesquisa avaliativa de análise de implantação que possibilita a compreensão da implantação por meio da estimativa do GI dos RHC e da influência exercida pelos elementos contextuais estruturais e políticos neste grau, em duas unidades do estado. A área de estudo foi composta pelas unidades oncológicas de Pernambuco que possuem o RHC, sendo usado como pré-requisito de inclusão o registro instalado, em funcionamento e com envio de pelo menos um banco de dados anual completo, após o ano de 2014. Para a obtenção do GI, foi construído o modelo teórico-lógico do RHC em Pernambuco e a matriz de análise e julgamento. Com base nessa matriz, foi construído e aplicado o questionário em cada uma das unidades incluídas na pesquisa. Para análise do contexto organizacional, utilizou-se como referência o modelo político e contingente de Denis e Champagne, a partir do qual foi elaborado o roteiro para entrevista com informantes-chaves. Para o contexto, foi usada a técnica qualitativa de interpretação dos sentidos, com a perspectiva hermenêutica associada à perspectiva dialética. Resultados: Verificou-se a classificação de “parcialmente implantado” para todas as unidades avaliadas. A unidade 05 apresentou o maior grau e a unidade 06 apresentou o menor grau. Na influência do contexto organizacional sob o GI, observou-se alguns elementos em que o contexto contribuiu para a implantação, como a condição estrutural adequada para o funcionamento do registro, a baixa rotatividade das equipes do RHC e a parceria com outros setores da unidade. Em contraponto, foram observados alguns entraves do contexto sob o GI, como o não uso do perfil epidemiológico do RHC para subsidiar a gestão, a ausência de uma rotina de qualificação dos dados e a condição estrutural, que apesar de positiva para um cenário, foi negativa para outro. Conclusões: Desta forma, esta pesquisa evidenciou que o RHC em Pernambuco se encontra parcialmente implantado e ainda necessita de uma melhoria em diversos pontos estruturais e de processo para se encontrar plenamente implantado. Recomendações: Foram elaboradas recomendações como prover o quantitativo de recursos humanos necessário; investir na satisfação profissional; realizar reuniões da gestão hospitalar; integração do RHC com os setores parceiros e inclusão das informações fornecidas pelo registro para planejamento local.