Comunicação em cuidados paliativos: percepção da comunicação em cuidados paliativos - percepção do profissional de saúde e do paciente

Abstract

Introdução: A comunicação entre profissional de saúde e paciente com doença avançada tem ganhado espaço na conjuntura atual e a ênfase dada aos cuidados paliativos (CP) traz a oportunidade de reflexão sobre a importância da comunicação médico-paciente-família. A boa comunicação entre o médico e o paciente pode ajudar na transição para CP bem como melhorar a qualidade de vida do paciente. Habilidades de comunicação permitem ao clínico ouvir e entender os desejos e necessidades de quem enfrenta uma doença limitante de vida. Objetivos: Conhecer a percepção dos profissionais de saúde e dos pacientes no que se refere à comunicação da transição para cuidados paliativos no Serviço de Oncologia do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP). Método: Estudo do tipo exploratório, de corte transversal, desenvolvido no IMIP, um hospital de alta complexidade localizado na cidade do Recife. A amostra foi constituída por todos os médicos e enfermeiros que trabalham no Serviço de Oncologia do IMIP e, por 147 pacientes em tratamento oncológico com estadiamento III e IV, entre os meses de Agosto de 2011 a Janeiro de 2012. A coleta de dados foi realizada por meio um questionário auto-administrado, entregue aos profissionais de saúde e outro preenchido através de uma entrevista com o paciente. As informações obtidas foram armazenadas e analisadas em um banco de dados, desenvolvido no programa Epi Info versão 3.5.3. O projeto foi aprovado pelo do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP) do IMIP sob o número 2431-11. Resultados Mais de 80% dos profissionais de saúde tinham menos de 35 anos. A idade dos pacientes variou de 17 a 88 anos. Metade dos profissionais despendia entre 1/4 a 1/2 de sua jornada de trabalho em cuidados paliativos. Embora todos os profissionais concordem que os pacientes devem ser informados sobre o diagnóstico, apenas 38,9% dos médicos e 41,7% das enfermeiras concordaram plenamente . Em relação ao tipo de tomada de decisão para definir o tratamento oncológico, 50,0% dos médicos relataram que a decisão é realizada junto ao paciente. Já as enfermeiras responderam que 8,3% das decisões sobre tratamento são realizadas com a participação do paciente. Em relação às dificuldades em transmitir más notícias, os profissionais de saúde fizeram referências às dificuldades em três grupos: referentes ao próprio profissional, ao paciente e a família do paciente. Em relação às próprias dificuldades, 20,4% relatou ix dificuldade pessoal em dar má notícia e 14,3% dificuldade técnica. No tocante às dificuldades relacionadas aos pacientes, 22,5% dos profissionais de saúde relatou dificuldade pela não aceitação por parte dos pacientes e dificuldade de assimilar a informação por 10,2% das famílias. Em relação à opinião dos pacientes sobre a dificuldade de obter informações sobre a própria doença as respostas se detiveram entre os dois grupos. Considerando as dificuldades relacionadas aos médicos, 28,3% esperavam que as respostas fossem dadas pelos médicos e 20,6% relatou falta de explicação durante as consultas. Já em relação às dificuldades dos próprios pacientes, os mesmos, responderam que não gostam de fazer perguntas (18,5%), que possui medo ou vergonha de fazer perguntas ao médico (9,8%) e medo das informações que receberiam (8,7%). Conclusão: Esses resultados demonstram que existe deficiência na comunicação entre os profissionais de saúde e pacientes, que poderia ser melhorada com treinamento dos profissionais que lidam com pacientes oncológicos, buscando maior participação dos pacientes e seus familiares no entendimento da doença e decisão terapêutica. Palavras-chave: Conhecimentos, Atitudes e Prática em Saúde; Profissional de Saúde; Termos de Consentimento; Cuidados Paliativos; Assistência Paliativa