Comparação de desfechos cirúrgicos e histopatológicos entre diferentes técnicas de conização (bisturi frio vs. bisturi elétrico) em um hospital-escola do Recife

Abstract

Introdução: apesar de ser uma doença de fácil rastreio e prevenção, o câncer de colo uterino (CCU) é responsável por elevadas taxas de mortalidade no mundo (aproximadamente 266.000 óbitos/ano), principalmente em países menos desenvolvidos. Umas das formas de investigar e tratar lesões cervicais é através da cirurgia de conização. Objetivos: comparar resultados de desfechos cirúrgicos e histopatológicos entre pacientes abordadas por conização através de duas diferentes técnicas cirúrgicas (bisturi frio vs. bisturi elétrico). Métodos: foi realizado um estudo transversal, retrospectivo e analítico com pacientes diagnosticadas com lesão intraepitelial cervical e submetidas à conização. Foram estudadas características biológicas (idade) e demográficas (distribuição regional) e comparados os desfechos (duração da cirurgia, tempo para alta hospitalar), complicações cirúrgicas (sangramentos, necessidade de hemotransfusão, necessidade de reabordagem, ocorrência de infecções) e resultados histopatológicos. Para a análise estatística foi utilizado o software estatístico STATA/SE 12.0 (com testes considerando um nível de 95% de confiança) e os resultados foram calculados considerando apenas as respostas válidas, após submissão da listagem de frequência das variáveis a testes de limpeza e consistência. Resultados: de 74 pacientes avaliadas 47% foram por bisturi à frio e 52,7% por bisturi elétrico. A idade média foi 38,6 anos. Ocorreu sangramento intraoperatório em 5,7% por bisturi à frio e 15,4% por bisturi elétrico (p=0,267), com reabordagem em 8,6% para bisturi à frio e 7,7% por bisturi elétrico (p=1,00). Não foram registradas infecções ou hemotransfusões. Duração média da cirurgia foi 48 minutos para bisturi à frio e 45 minutos para bisturi elétrico (p=0,434) e observada média de 24 horas para alta hospitalar para ambas as técnicas (p=0,930). O resultado histopatológico do espécimen confirmou neoplasia intraepitelial cervical (NIC) em 77,2% por bisturi à frio e 87,1% por bisturi elétrico (p=0,034), comprometimento das margens em 11,1% por bisturi frio e 25,7% por bisturi elétrico (p=0,149) e ocupação glandular do espécimen no histopatológico em 15,4% por bisturi frio e 14,3% por bisturi elétrico (p=0,894). Conclusão: houve concordância estatística significativa entre exames citopatológicos anormais prévios e os achados histopatológicos. Não sendo observada, na comparação entre as técnicas cirúrgicas, diferença significativa nos resultados para duração da cirurgia, tempo para alta hospitalar ou no percentual de intercorrências. ABSTRACT: Introduction: despite of being a pathology of easy screening and prevention, cervical cancer (CC) is responsible for high mortality rates worldwide (about 266.000 deaths/year), mainly in less developed countries. One of the ways to investigate and treat cervical intraepithelial lesions is through the cervical conization. Objectives: to compare results of surgical and histopathological outcomes among patients approached for conization using two different surgical techniques (cold scalpel vs. electric scalpel). Methods: a cross-sectional, retrospective and analytical study of patients diagnosed with cervical intraepithelial lesion and submitted to conization was carried out. Biological (age) and demographic (regional distribution) characteristics were studied, and outcomes (duration of surgery, time to hospital discharge, occurrence of infections), surgical complications (bleeding, need for blood transfusion, need for reapproach) and histopathological results were compared. For statistical analysis, STATA/SE 12.0 software was used (with tests considering a 95% confidence level) and the results were calculated considering only valid responses, after submitting the variable frequency listing to data cleaning and consistency tests. Results: from 74 patients evaluated, 47% were performed by cold scalpel and 52.7% by electric scalpel. The average age was 38.6 years. Intraoperative bleeding occurred in 5.7% by cold scalpel and 15.4% by electric scalpel (p=0.267), with reapproach in 8.6% by cold scalpel and 7.7% by electric scalpel (p=1, 00). No infections or blood transfusions were recorded. Average duration of surgery was 48 minutes for cold scalpel and 45 minutes for electric scalpel (p=0.434) and an average of 24 hours for hospital discharge was observed for both techniques (p=0.930). The histopathological result of the specimen confirmed cervical intraepithelial neoplasia (CIN) in 77.2% by cold scalpel and 87.1% by electric scalpel (p=0.034), margins involvement in 11.1% by cold scalpel and 25.7 % by electric scalpel (p=0.149) and glandular occupation of the specimen in the histopathology in 15.4% by cold scalpel and 14.3% by electric scalpel (p=0.894). Conclusion: there was statistically significant agreement between previous abnormal cytopathological examinations and histopathological findings. No significant difference was observed in the results for the duration of surgery, time to hospital discharge or the percentage of intercurrences when comparing the surgical techniques.