Perfil de pacientes admitidas com hemorragia pós-parto na UTI obstétrica de um hospital terciário – Recife-PE: estudo transversal

Abstract

Cenário: a mortalidade materna é um indicador das condições de vida e da qualidade de assistência de uma população. A morte por hemorragia pós-parto (HPP) é umas principais causas de mortalidade materna no mundo e poderia ser evitada através do uso de drogas uterotônicas profiláticas durante a terceira fase do parto e do tratamento adequado em tempo hábil. Conhecer o perfil das pacientes admitidas em unidades de terapia intensiva (UTI) por HPP pode ajudar na elaboração de estratégias de melhoria da qualidade da assistência. Objetivos: descrever o perfil das pacientes com diagnóstico de hemorragia puerperal admitidas na UTI obstétrica do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP), o manejo, os desfechos maternos e a associação dos fatores de risco para HPP com o desfecho materno adverso (DMA). Métodos: trata-se de um estudo não experimental, braço de um estudo de coorte desenvolvido na UTI obstétrica do IMIP, através da análise de prontuários entre janeiro de 2012 até março de 2020. A amostra foi não probabilística, consecutiva, de todas as pacientes internadas na UTI obstétrica com diagnóstico de HPP. Foram determinadas a frequência das pacientes, o perfil sociodemográfico e clínico, as complicações, o manejo, o tratamento, os desfechos e a associação dos fatores de risco para HPP e o DMA. Os dados foram digitados em banco de dados específico criado no programa estatístico Epi Info versão 7.2.5. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do IMIP, sob o número de CAAE 58449822.2.0000.5201 e foi solicitada ao CEP a liberação do TCLE. Resultados: são apresentados na forma de três produtos: Um artigo a ser traduzido após a pré-banca, uma lista de checagem para ser utilizada como guia de atendimento e registro de em todos os casos de HPP e o relatório técnico no qual propomos a adoção de uma lista de checagem para o manejo de HPP. Foram incluídas no estudo 358 pacientes, das quais 245 (68,4%) tiveram parto assistido na maternidade do IMIP e 113 (31,6%) em outras maternidades. A média de idade das pacientes foi de 26,7 anos, com até oito anos de estudos (46,1%) e mediana de seis consultas pré-natal. A hipotonia uterina (72,9%) foi a causa mais comum e em apenas 1,6% dos casos foi realizada a estimativa de perda sanguínea, em 2% foi calculado o índice de choque (IC), sendo que 63,9% das pacientes receberam hemotransfusão e 27% foram submetidas à histerectomia. Foram identificados 136 casos de DMA, com 35,5% classificadas com near miss materno e 3,0% de óbitos maternos. A multiparidade foi associada ao DMA como fator de risco anteparto (RR=1,83, IC95% 1,42-2,36). Com relação aos fatores de risco intraparto o DPPNI foi associado ao DMA (RR= 2,2 IC95%1,75-2,81). Entre as que tiveram hipertensão verificou-se menor risco de DMA (49,6% RR= 0,70 IC95% 0,52-0,93). Conclusões: a maior parte das mulheres que tiveram HPP eram jovens, pardas, com baixo grau de instrução (ensino fundamental incompleto), provenientes da região metropolitana do estado, com mediana de duas gestações e seis consultas pré-natais. A principal causa da HPP foi atonia uterina e o principal tratamento medicamentoso, o uso da ocitocina e misoprostol. Observou-se registros inadequados em prontuário em grande parte das pacientes. A frequência de histerectomia e near miss materno apresentou-se elevada e os principais fatores associados a um pior desfecho entre as mulheres foram multiparidade e DPPNI. ABSTRACT: Background: Maternal mortality is an indicator of living conditions and the quality of health care for a population. Most deaths from Postpartum Haemorrhage (PPH) may be prevented with prophylactic uterotonics drugs during the third stage of birth and adequate treatment in prompt timing. In order to a achieve such goal it is of utmost importance to acknowledge the profile of patients presenting PPH and admitted to an Obstetrict Intensive Care Unit. Objectives: To describe the profile of patients diagnosed of PPH admitted to the ICU at the Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP), the management of cases and their severe maternal and the association of risk factors for PPH with severe maternal outcomes (SMO). Methods: This is a non-experimental, cross-sectional, retrospective study. It is an arm of a retrospective cohort conducted in the Intensive Care Unit (ICU) of the IMIP, involved searching the medical records of eligible between January 2012 and March 2020. The sample was non-probabilistic, consecutive, of all patients admitted to the ICU diagnosed with PPH. The frequency of patients admitted to the ICU will be determined, the sociodemographic profile, clinical characteristics and complications of PPH, case management, treatment and outcomes during hospitalization. The study patients the data were entered into a specific database created in the statistical program Epi Info version 7.2.5. The project it was submitted to the IMIP Research Ethics Committee (CEP) number CAAE 58449822.2.0000.5201. The CEP was requested to release the consent form. Results: Will be presented in the form of three products: an article to be translated after the pre-examination, a checklist to be used as a guide to care and record in all cases of PPH, and the technical report where we propose the adoption of a checklist for the management of PPH. The study included 358 patients, of whom 245 (68.4%) delivered in the IMIP maternity, and 113 (31.6%) in other maternity. The mean age of the patients was 26.7 years, with up to eight years of education cause, 1.6% estimated blood loss, 2% calculated shock index (SI), 63.9% of patients received hemotransfusion, and 27% underwent hysterectomy. Were identified 136 cases of SMO, 35.5% were classified as maternal near miss and 3.0% maternal deaths. Multiparity was associated with SMO as an antepartum risk factor (RR=1.83, 95% CI1.42-2.36). Regarding intrapartum risk factors, abruptio placentae abruption was associated with SMO (RR= 2.2 95% CI1.75-2.81). Among those who had hypertension there was a lower risk of developing SMO (49,6% RR= 0,70 95% CII 0,52-0,93). Conclusion: Most women who had PPH were young, brown skin color, with low educational level (incomplete fundamental study, from the metropolitan region of the state, with a median of two pregnancies and six prenatal visits. The main cause of PPH was uterine atony and the main drug treatment was the use of oxytocin and misoprostol. Inadequate medical records wereobserved in most of the patients. The frequency of hysterectomy and maternal near miss was high, and the main factors associated with a worse outcome among women were multiparity and abruptio placentae.