Características sociodemográficas, clínicas e obstétricas de mulheres com lesão renal aguda no ciclo gravídico-puerperal: um estudo descritivo

Abstract

Introdução: a Lesão Renal Aguda (LRA) é uma síndrome clínica caracterizada por uma queda abrupta na Taxa de Filtração Glomerular que resulta na diminuição da eliminação de produtos residuais como ureia, creatinina e outras toxinas urêmicas. Apesar de ser considerado um evento raro em pacientes obstétricas, a LRA é uma complicação séria no ciclo gravídico puerperal e tem como principais causas a hemorragia pré e pós-parto, eclâmpsia, pré-eclâmpsia, síndrome HELLP e sepse. A existência dessas alterações resulta não só em morbidade materna grave e mortalidade, mas também em número significativo de perdas fetais. Objetivos: descrever as características sociodemográficas, clínicas e obstétricas de mulheres com lesão renal aguda no ciclo gravídico-puerperal. Métodos: foi realizado um estudo transversal do tipo descritivo retrospectivo. A população foi composta por mulheres no ciclo gravídico-puerperal que foram internadas na UTI Obstétrica do IMIP com o diagnóstico de Lesão Renal Aguda, após a alta hospitalar, em qualquer faixa etária, entre os meses de setembro de 2012 a setembro de 2013. Os prontuários foram identificados através dos registros de diagnóstico das mulheres na alta da UTI obstétrica. Para realizar essa identificação dos dados, foi gerada uma listagem de todas as altas na UTI obstétrica de modo a identificar os casos de LRA. Após a identificação da mulher, a pesquisadora realizou a busca dos prontuários no arquivo e excluiu os prontuários com informações incompletas. Os prontuários então foram identificados e as informações foram colhidas a partir deles e registradas num instrumento de coleta confeccionado para esse fim. Para o processamento e análise dos dados foi utilizado programa Epi-Info 7.1 para Windows. A análise dos dados foi efetuada pela pesquisadora e suas orientadoras. Resultados: a maioria das pacientes era parda (65,1%) e a idade média foi 25,5 anos. Mais da metade das mulheres eram primíparas (65,1%), sendo a via operatória a mais frequente para interrupção da 3 gestação (75,5%). O distúrbio hipertensivo mais prevalente foi a pré-eclâmpsia (74%), seguido da hipertensão arterial crônica (11%) e da eclâmpsia (6,%). O tratamento mais utilizado foi à hidratação (70%) e a oliguria apresentou uma das consequências da LRA mais prevalente (84,8%). Conclusões: Os resultados corroboram os dados encontrados na literatura que conferem gravidade a LRA. Por aumentar a morbidade materna e causar rápida deterioração laboratorial, é imprescindível conhecer o perfil das mulheres que estão em maior risco de desenvolver a síndrome, para que a doença seja diagnosticada precocemente. A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aumenta a chance desse diagnóstico precoce o que melhorou o prognóstico das pacientes com LRA